quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

 
  Morte também é assunto!



   Na rua ainda não havia tipo algum de pavimentação, o bairro era tranquilo e harmonioso, os vaga-lumes voavam piscando suas luzes encantadoras e durante a noite ainda se podia ouvir as risadas e gritos de crianças brincando e correndo de um lado para outro.  Diante desse cenário, durante minhas pausas do pega-pega, não foram poucas as vezes que, ainda com pouca idade, me deparava sentada no gramado, sob o imenso céu, observando as estrelas e tentando descobrir em cada uma delas, as pessoas da minha rua que haviam morrido. Meu raciocínio lógico era de que as que mais brilhavam eram as pessoas mais legais, e as outras, com brilho de menor intensidade, eram os mortos não tão bons.
     Esse momento reflexivo, que certamente não acontecia apenas comigo, se dava pelo fato de que uma criança ao questionar um adulto sobre o que era a morte e o porquê dela existir, a resposta mais comum e “prática” que recebia era que Deus gostava de estrelas e vez ou outra escolhia pessoas para ir brilhar no céu. Eu até que me convencia e confesso que apesar de parecer monótono, achava interessante o fato de se “transformar” em estrela. Depois de aprender a ler, nos tempos que passava junta aos meus Gibis tive outra alternativa, a Dona Morte apareceria num dia qualquer com sua capa preta e sua foice na mão e nos levaria para o cemitério. Sem, dor, sem tristeza, simples como aceitar um convite qualquer. Apesar disso, eu continuava achando a resposta da estrela mais empolgante.
    Com o passar do tempo muitas coisas iam mudando, tomando novas formas, novos rumos. As pessoas continuavam morrendo, mas ao admirar uma noite com céu estrelado, a ideia de pessoas estrelas já não passava mais pela cabeça. E sobre os Gibis, bem, as leituras foram evoluindo. A realidade era outra, já se havia aprendido sobre a estrutura tricotômica - corpo, alma e espírito, sobre salvação da alma, sobre céu e inferno, sobre vida eterna. Então, diante de um falecimento, além da tristeza, estava presente também a preocupação em saber se aquela pessoa havia partido com salvação.
    Hoje, as mudanças continuam acontecendo de forma bem acelerada, grandes avanços e conquistas todos os dias, entretanto, o ciclo continua o mesmo, irreversível, pessoas nascem, pessoas morrem. Muitos mostram-se desconfortáveis ao falar em morte, procuram evitar, pois remete às lembranças de momentos tristes.  Esse não costuma ser o assunto predileto numa roda de amigos, em reuniões de família ou em posts nas redes sociais, quando na verdade deveria ser lembrado e comentado com frequência. Afinal, posso morrer antes mesmo de concluir minha escrita, bem como você leitor pode não amanhecer vivo no próximo dia.  O grande sábio, há muito tempo já afirmou que “ É melhor ir a uma casa onde há luto do que ir a uma casa onde há festa, pois onde há luto lembramos que um dia também vamos morrer. E os vivos nunca devem esquecer disso.” (Eclesiastes 7.2)
    Diante disso, fica a seguinte interrogação: Seu modo de viver lhe fornece a correta preparação para a morte? Ou você leva a vida de forma tão tranquila que até esqueceu da possibilidade de morrer?
    Pense nisso! Pare um pouco de fazer planos para 2.050 e gaste um tempinho pensando na morte. Você pode acreditar em Deus, deuses, vida eterna, reencarnação, purgatório e outras coisas do gênero, todavia, apesar de suas crenças, algumas verdades não podem ser relativizadas, uma dessas verdades é a existência de céu e inferno, a outra, é que esses dois lugares serão habitados e todos nós iremos para um, ou para outro. As opções estão aí, a escolha é nossa, a consequência das decisões tomadas, também!


Cássia de Oliveira

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Floresça Onde Estás Plantado


A singela lógica do jardim nem sempre é considerada, dependendo dos olhos de quem a observa, ela será de fundamental importância, ou então completamente inútil. Alguns a ignoram, outros só valorizam quando sentem o agradável perfume das flores.
  Usando um pequeno e simples jardim, Deus me ensinou que devo florescer onde estou plantada, independente do lugar, das pessoas e das circunstâncias. Não posso deixar que as influências exteriores me impeçam de mostrar aquilo pela qual fui chamada a mostrar. Na estação certa, minhas flores precisam servir para alegrar pessoas, decorar lugares  e perfumar ambientes, por mais simples que elas sejam.  De vez em quando, Ele vem e me polda, para que meu desempenho seja melhor. Durante essas poldas, eu aprendo muitas lições, questiono, reclamo, sofro de forma considerável, mas Ele me faz entender que é necessário. Não posso crescer de qualquer forma, para qualquer direção, estar vulnerável às intempéries, preciso de limites, de estrutura, de propósitos.
 Quando Deus percebe que já dei flor suficiente, que já pude exalar meu perfume, ele me arranca delicadamente e me planta em outro lugar. No início murcho, perco minha vitalidade e fragrância, afinal, é outra terra, outro jardim, outros ares e preciso possuir substâncias adequadas para sobreviver nesse novo ambiente. O processo para me adaptar é muito delicado, preciso de cuidados especiais, de mais atenção, mas também preciso me esforçar dobrado para que tudo ocorra bem. Geralmente a adaptação à sucessão de mudanças costuma ser longa, mas quem provoca a maior demora, sou eu.                                           Sei onde conseguir água, sol e adubo, mas acabo me acomodando, sem me importar com as flores, com o perfume. A falta da terra antiga é enorme, parece aumentar a cada dia, e por vezes penso que a terra atual vai meu fazer morrer. Diariamente Deus vem e cuidadosamente me rega e me explica que a terra onde estou possui propriedades essenciais que a outra não possuía, e por essa razão precisei ser mudada.
Em alguns momentos me sinto tão abatida,  seca,  tão sem vida, com os ramos tão murchos, mas Ele vem e diz que nesse terra há vida, há adubo regenerativo, eu só preciso aprender a absorvê-los. Ele me faz ter a convicção de que breve irei me apropriar desses fertilizantes, irei florescer, perfumar e então depois de um tempo, estarei novamente em outra terra, em outro jardim, na companhia de novas flores, vivendo outras experiências, aprendendo novas lições.

Cássia de Oliveira

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Esqueça o Café...

                 Já ouvi que amizade é igual café, uma vez fria, jamais volta ao sabor original.


Você cresceu fazendo parte de uma igreja, frequentando cultos e carregando uma bíblia, começa com a Bíblia da garotada, O Novo Testamento em Quadrinhos,  passa pela Bíblia dos Adolescentes, Jovens, Aplicação Pessoal e por aí vai... Você conhece, ou conheceu  Jair Pires, Sandrinha, Oséias de Paula, Polo Negrete, Matos Nascimento, essa turma toda... Consegue lembrar como se fosse hoje o frio na espinha de subir num púlpito pela primeira vez, pegar um microfone e sentir a pressão de saber que todos esperam você falar ou cantar alguma coisa... Você estudou praticamente todas as edições de lições bíblicas da CPAD na Escola Bíblia Dominical, isto é, mais ou menos 90% das manhãs de domingo da sua vida até hoje, você aprendeu coisas incríveis... Seus olhos brilhavam quando viam os mensalmente recebidos copinhos com suco de uva distribuídos para os “grandes”, não era um dia qualquer, era o sábado mais esperado, o dia da melhor roupa e da mesa enfeitada com pães e uvas... certamente você não via a hora de começar a trabalhar pra poder dar o dízimo e a oferta, nem que fosse descascando camarão, ou ajudando um priminho com as tarefas da escola... Você entende o quanto é confortável dormir embaixo de um banco, ou pode lembrar a tristeza de ter seu chiclete Big Big de tuti-fruti  ainda docinho recolhido por um porteiro... Você perdeu as contas de quantos congressos participou e só as fiéis recordações fotográficas poderão revelar a variedade de uniformes, de tudo que é cor e modelo que você  já usou... Desde cedo, você era estimulado a descobrir seu dom natural, recitando os famosos versinhos de natal, fazendo coleta, cantando hinos da harpa, lendo o “Título da Lição” ou o “Para Memorizar”, fazendo coreografias, ou os incríveis jograis, representando praticamente todos os personagens da bíblia, desde anjinhos, Mirian irmã de Moisés,  mulher de Jó  até a Maria mãe de Jesus... Você sabe o que é acordar pela madrugada no inverno, pegar a bike toda velha e ir pra igreja orar porque, mesmo sem entender direito, você sentia necessidade disso... Você sabe a maravilhosa sensação que se tem ao presenciar milagres... Você consegue lembrar-se da ansiedade que tinha por ser batizado pelo Espírito Santo e nas águas... Você nem sabe como é deitar sem dobrar os joelhos, ou  “dobrar os joelhos  deitado” e no mínimo dizer:  “Em paz me deitarei e dormirei, porque só tu Senhor me faz habitar em segurança” Salmos 4.8...
Em meio a tudo isso, chega um momento,  em que você se considera um cristão, afinal filho de peixe, peixinho é.  Aí você vive fases, vezes rebelde, vezes S.S.S. (Super Santo Santíssimo), vezes cá, vezes lá... Chega um momento que você procura por novas emoções e dependendo de onde você procura, elas nem sempre são agradáveis. Até então você não entende direito como funciona a trindade Deus, Jesus e Espírito Santo e tem uma visão limitadíssima de salvação; sabe da existência do céu e do inferno, mas escatologia não é seu forte.
De repente você lembra que não aceitou a Jesus como seu salvador, até porque “nasceu na igreja”, e acabou esquecendo esse importante detalhe. Você o mais rápido decide por aceitá-lo e aí: Bem vindo às novas emoções! Realmente é tudo muito mais emocionante, as coisas fazem mais sentido e você sente a valiosa importância de um relacionamento. Você começa a conhecer a pessoa do Espírito Santo e que ele não serve só pra batizar as pessoas, mas que Ele é seu melhor amigo. Você desenvolve um vínculo tão forte que alguns julgam ser loucura, porém você sabe que não é. Você reconhece com muito mais veemência que Deus não é apenas uma força superior como alguns dizem, mas é o seu criador e é pra ele e por ele que você vive. Você sabe o que é ser livre e ter uma felicidade inenarrável, mesmo quando as coisas não vão muito bem. Você não se importa de estar sozinho, porque na verdade, você sabe que nunca está sozinho.
Depois de um tempo, isso se torna comum pra você, você não ignora, mas também não dá tanta atenção, até porque você nunca esteve preso, então se acostumou à sensação da liberdade. Você sabe que o Espírito Santo, seu melhor amigo, sempre estará ali, então conclui que não precisa se aproximar com tanta frequência. Você segue sua rotina diária, estudos, trabalho, passeios, compras, sol, chuva, frio, calor... e de repente, numa noite qualquer você percebe que a amizade com o melhor amigo está fria e aí  o café logo vem à mente. Na verdade, você já vinha observando há um tempo, mas com receio de não voltar ao sabor original, você nem tenta algo. Navegando por redes sociais, você se depara com declarações, vídeos, versículos ou um simples convite para um culto e aí você (novamente) cai na real de que isso tudo não é por acaso, em minutos você é preenchido por uma alegria indescritível, você consegue ver cruz, sangue, sacrifício, perdão, amor incondicional, liberdade, vidas com propósitos, você vê Deus. As lágrimas são inevitáveis, você sabe que está com saudades de algo, mas o café não sai da sua cabeça. Você para pra refletir, percebe que essa saudade está cada vez maior, cada vez mais forte. Você começa a lembrar de seus erros, suas limitações, suas tentativas frustradas de ser alguém melhor. O sentimento de saudade e culpa se misturam e você simplesmente se vê perdido, sem saber qual decisão tomar, que caminho seguir. A sensação é der ter sido tomado pelo desespero, e então em meio a isso tudo, você consegue perceber que ele está ali, você pode sentir a presença dele e sua suave voz dizendo:
 “ Esqueça o café, você pode até deixar esfriar algumas vezes, mas sempre que desejar, terá o sabor original, porque nosso relacionamento é mais que amizade, é uma necessidade da alma”.

Cássia de Oliveira

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Deus é injusto?


       Depois de um desastre como o da boate  em Santa Maria, muitas pessoas se perguntam aonde Deus estava;  porque ele sendo amor permitiu algo tão cruel acontecer, porque ele sendo tão poderoso não impediu de tantos jovens perderem a vida.
   Não quero generalizar, mas na maioria das vezes as pessoas que fazem esse tipo de questionamento, não se relacionam intimamente com Deus, isto é, acreditam nele como criador do mundo e responsável por tudo que aqui acontece, dessa forma, quando ocorrem coisas boas, Deus é bom, entretanto quando ocorrem coisas ruins, Deus não é tão bom.
    A tendência é sempre pensar que se Deus é justo, consequentemente a vida deve ser justa. Ou seja, confunde-se Deus com a realidade física da vida. Se eu como cristã esperar que todos os meus dias sejam de fartura, boa saúde e alegria, irei me decepcionar, pois a existência de Deus e seu amor por mim não depende de fartura, boa saúde e alegria. Se sirvo a Deus esperando que ele me proporcione a vida como um mar de rosas, então não o sirvo pelo o que ele é e sim pelo que pode me oferecer. Daí o porquê dos  momentos difíceis, pois são eles que nos farão apegar-nos a uma confiança incondicional em Deus; nos farão deixar a "fé contratual" - "Seguirei a Deus se ele me tratar bem" - para um relacionamento que vai além das circunstâncias da vida.
   Thielicke afirmou em um de seus livros que: "As mais difíceis indagações da vida nunca são 'removidas' (nunca ficamos sabendo por que Deus faz isto, ou aquilo, por que um avião cai ou acontece um desastre numa mina). Mas somos 'redimidos' do poder destrutivo dessas perguntas. O pânico não mais pode nos surpreender  quando não entendemos o sentido daquilo que Deus permite que nos aconteça. O seu amor não mais nos confundirá; aprenderemos a crer naquele amor mesmo quando não compreendemos os meios que aquele amor escolhe para se expressar."  Nem sempre teremos respostas para as coisas ruins que acontecem, mas sempre teremos certeza de um Deus justo, e que verdadeiramente nos ama.
   Deus é injusto?  a resposta depende da associação que fazemos entre Deus e a vida. A vida na terra com certeza é injusta, Jesus foi a maior prova disso, quando injustamente foi perseguido, humilhado e maltratado até morrer na cruz. Entretanto tal ato não nos faz pensar que Deus é mal ao permitir isso. Mas nos faz entender, ainda que imperfeitamente, a grandiosidade do seu amor por nós, capaz de entregar à injustiça seu único filho "para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna".

Cássia de Oliveira

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

E a ignorância só aumenta...


Foto: Fica a dica!
No lugar de assistir BBB vamos aprender mais sobre a natureza, ler um livro, brincar com o animal de estimação...e tantas outras coisas.


   Às vezes me pego pensando, não sei o que é mais lastimável, morar num país que é o berço da pior emissora ou saber que há pessoas que perdem seu tempo assistindo tanta porcaria.
Respeito as opiniões, afinal como diz a conhecida frase: gosto não se discute. Só não entendo como tantas pessoas exigem um país com mais educação e cultura e passam parte do tempo engolindo repugnâncias. Tem um provérbio que gosto muito, que diz o seguinte: Não respondas ao tolo segunda a sua estúlticia, para que também te não faças semelhante a ele.(Pv 26. 4). Ou seja, se você não quer se tornar um Zé Ninguém sem cultura, não gaste seu precioso tempo com tantas futilidades.
E ainda há quem reclame e diga que os políticos não prestam, não é pra menos, parte dos eleitores passam meses ou até anos sem ler um livro. Ah! Claro, “ler dá sono, é cansativo”, é bem mais cômodo ficar na frente da TV enchendo a pança de refri e a cabeça de lixo!
Eu realmente não sei onde isso vai parar...

Cássia de Oliveira

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Liberdade!

    Ser livre é experimentar mesmo na mais terrível aflição a melhor das sensações, que é a de ter Deus na vida. É todos os dias deitar e dormir em paz com a certeza de que tudo vai dar certo. É acordar sabendo que não estou só e que todos os dias sou guardada por alguém que me ama de verdade. É sentir uma alegria inenarrável sem gastar nada com isso e sem esforço algum, apenas o de ter o coração aberto. É ter a convicção de que se a morte chegar, está tudo bem, pois tenho a vida eterna. É poder fazer tudo e ter a sabedoria de entender que nem tudo convém.
Cássia de Oliveira

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Vou continuar...

Preciso andar em direção ao lugar preparado pra mim, aquele no qual somente eu poderei chegar.
Voltar tornou-se algo inaceitável.
Minhas opções são: parar ou prosseguir.
Já parei várias vezes, mas em seguida continuei. Cada vez que continuo após uma parada, percebo que o fim está longe, tão longe que não posso ver, mas me é perceptível também que já estou bem distante do início e isso é a motivação dEle pra mim dizendo: dê mais um passo, pois eu estou contigo.

Cássia de Oliveira